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O todo não é igual a soma das partes

  • Foto do escritor: Rebeca Japiassu
    Rebeca Japiassu
  • 28 de jun. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 12 de jul. de 2022

Na Gestalt Terapia, acreditamos que um elemento da vida está interligado a todos os outros. Quando cozinhamos um bolo, nele colocamos diferentes ingredientes, mas quando acrescentamos uma dose extra de um desses elementos, toda a massa será alterada de certa forma. Ou quando vemos um instrumento desafinado na composição de uma orquestra musical, esse é um detalhe que bagunça toda a organização da música. Assim, acontece na vida também, todas as áreas estão de certa forma interligadas e se influenciam mutuamente. Quando existe algo adoecido em alguém, é possível percebemos isso em cada aspecto da vida dessa pessoa, mesmo que seja de forma sutil, em pequenos comportamentos. Por exemplo, quando alguém não consegue se conectar livremente com outras pessoas, muitas vezes também podemos perceber esse “travamento” na linguagem corporal, que pode ser mais retida ou contraída em algumas partes.

Vemos a vida como um grande “todo”, onde tudo o que fazemos é ressoado em cada detalhe de nossas experiências. Isso acontece porque cada um de nós possui um universo dentro de si. É por isso também que, na terapia, buscamos explorar, esmiuçar e encontrar novos fatos e fenômenos dentro desse universo. Cada situação de nossas vidas pode ser tida como uma oportunidade de autoconhecimento e conscientização. Pequenas partes nossas se manifestam através das escolhas que fazemos, e também das pequenas e grandes reações que temos diante dos acontecimentos da vida. Como dito anteriormente, até mesmo nosso comportamento corporal tem algo a dizer sobre nós. Nenhuma dessas informações, as quais chamamos de “fenômeno”, podem passar despercebidas durante o trabalho emocional feito na terapia. Todas precisam, em algum momento, serem exploradas e compreendidas dentro de uma obra maior que compõe o nosso “todo”. Por isso, aprender a ficar atento a cada detalhe nosso é algo precioso, pois é isso que nos dá um acervo de novas possibilidades de ação. Estar consciente de si no presente é um “presente”, assim, não ficamos sujeitos a comportamentos automatizados, os quais, quando não digeridos corretamente, podem nos sabotar inúmeras vezes e roubar de nós o brilho da vida.

Por isso, também, é um erro muito grave quando pensamos que podemos cuidar de uma parte de nossas vidas e, com isso, negligenciar outras. Por exemplo, quando em prol de termos “bons” relacionamento com outras pessoas, não conseguimos colocar um limite, falando “não” para as diferentes demandas que recebemos. Em algum momento, essa falta de limite nas relações será reproduzida na nossa saúde emocional, podendo até mesmo nos adoecer fisicamente. A falta de perdão também é algo danoso para a vida, tanto emocional, como mental e corporal. Assim, muitas vezes, ao realizarmos o ato de perdoar, podemos dizer que estamos fazendo mais bem a nós mesmos do que ao outro, porque perdoar é se autolibertar, devolver a saúde à nossa mente, consequentemente, às nossas emoções e ao nosso corpo. Porque somos seres biopsicossociais e todo cuidado com o corpo, com a alma e com o social é feito de forma mútua. Essas três instâncias se comunicam, se influenciam e não podem viver se não estiverem unidas umas as outras.

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